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Qui, 23 de Setembro de 2010 21:56

Pesquisadores debatem movimentos sociais e mídia

Por Amanda Alboino e Aline Lima

O Grupo de Trabalho “Comunicação, Movimentos Sociais e Cidadania” discutiu hoje (23), na Casa Amarela Eusélio Oliveira, estudos sobre os movimentos sociais populares e suas práticas comunicativas nos âmbitos político e cultural. O GT contou com a participação de mestrandos e doutorandos apresentando cinco trabalhos sobre o discurso midiático nos movimentos sociais e a utilização da comunicação como ferramenta de democracia.

As apresentações foram marcadas pelo embate de conceitos como a liberdade de expressão e o direito à comunicação na esfera pública. Houve o consenso de que a mídia e, em especial, o jornalismo se encontram distanciados dos movimentos sociais chegando, inclusive, a marginalizá-los em seu discurso.

Charlini Barros (UFBA), explicou a diferença entre a liberdade de expressão e o direito à comunicação e traçou um paralelo entre os dois conceitos para finalizar numa reflexão sobre a qualidade das notícias e da programação veiculadas. Em seguida, Jairo Ponte questionou a constante evocação dos direitos humanos como bandeira para várias discussões sobre liberdade de expressão e a regularização da comunicação e nos convidou a trabalhar melhor a abordagem da comunicação pública como ferramenta da democracia, sem espelhar a estrutura de comunicação já existente.

Helena Martins (UFC), militante e também pesquisadora de comunicação e política, articulou o conceito de esfera pública do teórico Habermas. Ela sugere que a massa tem perturbado ou incomodado essa esfera pública que, num primeiro momento, é voltada para as elites. Segundo Helena, a ação popular tem pressionado pela democratização dos meios por uma maior aproximação da mídia do contexto dos movimentos sociais, procurando evitar a sua marginalização.

A reforma agrária no discurso jornalístico também foi discutida, com a apresentação de Enilce de Souza (IFCE), que falou sobre a forma pejorativa com que a grande imprensa tem pautado os movimentos sociais e a importância de um direito de resposta desses movimentos através de rádios comunitárias ou jornais.

Finalizando este GT, Roseane Martins (UFC), palestrou sobre o discurso utilizado pela Folha de São Paulo no movimento das Diretas-Já (década de 1980) para conquistar a simpatia da sociedade. De acordo com a pesquisadora, esse jornal classificou o povo, em suas reportagens, como protagonista e herói do fato, deixando os políticos em segundo plano,devido a isso, a Folha teria ficado conhecida como “jornal das Diretas".